TEMPO DE ESPERA

Eu e você, nascemos neste mesmo dia...

Nascemos outra vez, no instante do nosso amor. Fecho os olhos, eu sei que você está em outro lugar, outra cidade. Outra pessoa no meu lugar, não teimaria, não teria essa mesma funda coragem. Por causa disso, sou eu que espero a sua volta. Sou eu que sei envolver todo o tempo de espera, nesta saudade, e me servir dele. O tempo de espera nos chama, aos dois, a ocupar um outro espaço. As vezes, nós somos anjos que se encontram no sonho, somos transeuntes que se encontram na madrugada, somos a descoberta de um novo corpo quando nos tocamos. Somos testemunhas de nós mesmos. Nossa sensibilidade nos devolve todo calor, todo desejo, nós tocamos o nosso abraço, beijamos o nosso beijo, trançamos nossas pernas a esse nó acabado do cansaço quando temos um ao outro, e sabemos que esse mesmo nó há de ser outro, em outra vez. Não cansamos de amar.
Até onde a gente vai?!
Outra cidade, outro lugar. No meu movimento, alinho o teu destino. E você escreve por mim essas linhas. O cheiro do teu suor, tua respiração, teu gosto, o forte apego do teu abraço me devolve uma outra vida.
A cada um, eu poderia amar você, até encontrar a carência do outro. A mentira não faz parte do amor, a mentira não cabe no espelho da palma das nossas mãos unidas. No rosto que avisa a hora onde entregamos esse instante: nossa resposta. Teu corpo chega até minha alma, minha alma habita o teu corpo.
Até onde, neste fundo universo de mim, encontro a tua intimidade. Eu preciso, mais uma vez, preciso de você para me servir. Nessa vida onde amamos um ao outro, somos nômades. Trazemos a nós mesmos todo o sofrimento, dor, injustiça alheia, e chegamos a nos bastar. Consolados na freqüência com que amamos os outros por nós mesmos. Não seria suficiente, se fosse outra coisa. O nosso amor, por nós assim visitado, basta dizer, é amor demais, é todo amor, é afago no eterno. Não cansamos de amar.


Denise França.

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