PULSACAO

CURITIBA tem vários sentidos, apelos e caricias. As ruas de cheiro em Curitiba, batem a minha porta. Eu a recebo e celebro com ela o cálice das araucárias: NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS.
Leitura da tua estrada, o vento acaricia as paginas deste chão, folhas que passam neste outono curitibano. Lembro de um amor, havia outro em memória, acende o tanto que esconde uma sombra, e descobre intacto nesta réstia de luz, um largo lençol branco de nevoa recortando o rio Barigui.
A margem de uma vista alegre, traz consigo no seu reboleo, o coral dos que imigram. Em faces diferentes, o perfil da luz mostra sua cor de origem: os azuis, os ruivos, os morenos, os brancos, os meninos que me dão vontade...
Escuto o chocalho, ao longe uma praça, outra e mais uma, retine em meu peito um pais longínquo, soçobra e brota, neste sitio onde habitam os escudos de proteção, terra amiga, fronteira que roça o descuido, o rosário de um costume diverso aqui fica calcado. Os tamancos de madeira retinem e se insinuam no soalho, rodados os vestidos se envolvem e abraçam. A ternura em tuas pedras de ordem: os homens tornam as suas casas, e suas senhoras novamente encontram os ladrilhos perfeitos, os varais e as varandas de espera.
Curitiba para o mundo. Por que vens aqui me visitar? Decerto acolhe alguma espécie de credo? Não vens aqui para uma temporada breve, por mancar em teu sonho de partir. Mas para ficar e depois mais ficar, a única ruína que em ti habita são cercanias de povos, ancestrais, milhares que ficam em um único cidadão estabelecido. Cidade, venceu teu fim de metrópole, para ir, Curitiba dada, sempre um beijo e um porto nos cafés e bares que tocam a tua intimidade.
Aterrizo minhas asas, meu corpo lentamente se estende ao teu chão. Só lentamente, porque Curitiba é sem pressa. Para ficar em teu chão, plantada esta semente, só a semente de todas as outras, uma semente profana de inocência. EU TE AMO.



DENISE FRANCA.

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