A BELA E A FERA


Na corcunda da tartaruga se desdobra um que é de dentro e outro que é de fora. Por aparecer, nem a corcunda é sempre redonda. O que é de dentro faz eco, o de fora retine nas bordas para o expresso do mundo.
O criador e a criatura, foi que disse que a tudo a criatura havia de cuidar. O seu cuidado fosse tanto com o bicho criado, o esforço desdobrado fizesse um sopro tão espichado de cansaço, que sobrasse um rastro de espírito neste chão e a criatura inventasse uma outra coisa. Uma coisa de nova face, uma outra novidade.
Uma outra novidade de tão grande valia, podia movimentar o chão, sem que o chão saísse de si. Que a criatura rodando sobre seu próprio eixo, completasse uma revolução. Fosse no rodado que se visse que a coisa decorreu dela própria, ficando parecida de cada vez mais com ela mesma. Afinasse o fundo de si e a cada volta, sobrasse menos e mostrasse tudo o que restou. O fundo de si, a criatura mesma como o criador fez, arredondada, a esfera do mundo.
A criatura revolvendo, sobrou o final do pensamento, o manifesto de todo o seu trabalho, o arque diamante do mistério de sua profundeza. Foi a criatura que fez, dizendo o criador: ficou bom, ficou mesmo muito bom. O principio de um principio, o primeiro filho do homem, DEUS sendo agora avo.
A estrela que serviu a Terra de formoso lume. A luz quando se acende a idéia, nascendo um pensamento novo. Aqui nunca estado, nunquinha que não, alguém viu que passou diferente, porque já era outro.
Ora veja, outro rumo se dava ao sentimento para ele nascer melhorado qual não se apreciava antes. Outra medida de pensamento não conduzia ao erro. A medida sozinha por seu desvelo, era certa. Carecia de se encontrar sozinho, para ver aberto o seu sonho.
Em toda parte, no pouco de um canto, o criador via a criatura fazendo minhoca do pensamento, uma coisinha já quase pronta fora. Como é que se dava, que aqueles olhinhos olhando e vendo o pensamento caminhar, aparece isso vindo das mãos e fabricasse uma perfeicaozinha assim, miúda, que todos vendo, ficavam de boca aberta?! Que tem formas e arestas, que tem partes, que se abrem e fecham...
Criado para dar, dar a quem se gosta. A medida certa do seu pensamento era que o outro ficasse satisfeito, cheio de alegrias, recebesse com cuidados e pra sempre guardasse, nas horas difíceis olhasse e reparasse como que abraçando quem fez, cheio de saudades.
Cheia de saudades, eu chegava naquele lugar, para ver de fora, e me convidando, entrasse como quem entra no coração do outro. A batida do coração é aumentada quando vou chegando perto do sentimento dele, e quase toco no motivo da sua vontade. Daí o coração dele aproximado. Dispara, parece o meu, e é junto sozinha que eu gosto de lidar com aquilo que ele faz, de tudo aquilo que ele gosta.
Foi fazendo essas coisas, que aquele amontoado de gente na lida, virou uma reunião de um só entendimento. Um entendimento de paz e gosto, feito o Natal quando chega, e a gente sente vontade de dar.
Dar e ver que o que se deu é bom. E a pessoa se sente especial e gostada num lugar bom do espírito. Confraternização. Eu sempre gostei de ouvir o coração do meu amado, deitada, encostar a cabeça no peito dele e escutar o fundo do seu amor. O amor aumentado no toque-toque disparado, na paixão do sentimento. Porque o sentimento em disparada é sempre pra ir de encontro e dar.
O amor é assim transformado na coisa dada. Dada de gratidão, pra efeito de reconhecimento. Sempre junto nos pares é que a coisa do coração acontece. Quem vai de encontro ao outro, por amor, entrega. Se entrega de todo para o seu amor, porque é maior e maior o presente que se pode dar. A gente não tendo, da o que não tem. Dar primeiro o amor, antes de receber por força da gratidão. Dar, não tendo, toda a dádiva, as caridades.
O jeito que a pessoa tem de dar é o que move as coisas, deslancha mesmo. O jeito dele dar é o que me comove, das vistas eu vejo, e das vistas eu choro sem querer. Me atingiu a melhor minha emoção, a que eu tinha guardada. Quando ele parece que viu e sabe o custeio do que eu passo e do que eu tenho vivido.
Como todo mundo que vive de sobras, fazendo das tripas coração, quando ganha quase chora. E só pode ter vindo de DEUS quando é dado no ultimo das forças. Que nem Cristo aceitou todo o azedume, já na cruz entregando a alma ao Pai. A gente arredando todo o possível de ruim, o azedume daquele que crava a cruz, é por demais difícil. A saliva que não da pra engolir e de se precisar, a gente aceita, mas sai traído como quem trai o sinal da cruz de DEUS.
Amigo mesmo, todo amigo é o que eu vi nos olhos dele, como eu olho pros véus e o amor de DEUS vai aumentado no meu peito, agora comigo. Quando ele sorri no meio de todos o seu breu e esforço, eu me sinto feliz. Amigo mesmo e forte amigo dos de sempre, que não fogem de nenhuma luta. Que vão de encontro, porque aqui estão para ir de encontro ate a ultima luta, de perder ou de ganhar tudo. Se morrendo na dor dos outros sofridos, lutar e demais lutar todas as lutas, pra ganhar a vida de todos os que foram por amor a vara das verdades, a grande luz da eternidade.
Não feito bobos e abissais das trevas, covardes e mal-criados sem peso nenhum de vida e verdade. Só o peso dos medos e das faltas.
Amigo mesmo meu, essa grande MURALHA que só é transpassada pela flecha viva de uma virtude: aquilo que me falta não é aquilo que eu preciso, mas aquilo de bom que eu não fiz ainda. MAIS, AINDA.





DENISE FRANCA.

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