EMBALO


Do tempo que gasto, ainda sobra um tempo único. No embalo da rede, fecho os olhos e te enxergo no lugar dos meus cantos. Brota em mim todo o sentido. Por sentido foi e volta o cheiro, do gosto, do toque, do olhar, em teu corpo acho onde estive. Distância? Nenhuma. Abro a solapa tua condição, e descubro a minha direção.
O embalo da rede as vezes pára, o ritmo de nós dois em uma vida, continua. Continua pra diante, continua pra trás, feito o que quer mais, feito a lembrança da saudade. Não há parada nessa canoa de rio, as duas margens. Vou indo, tudo descubro, é uma passagem. Salvo dentro de mim o sentimento maior que nos guarda, por encontro e fortuna, só DEUS sabe. Meu coração vai adiante do meu corpo, a emoção aumenta, vou querendo mais chegar perto do que sinto, já sinto, me cumpre a tua presença outra vez.
Falo de amor. Assim quanto ao amor, é feito o exercício. A vida do corpo tem carência de pulsar na margem do outro. Afrouxa a distância, tua mão vem dar nesse lugar escondido, teu conhecimento mais e mais faz paragem aqui, e é teu o meu lugar.
Amor amado. Falo de amor. Entrego para sempre, que coisa é uma outra pessoa chegada e entrada de remanso na vida nossa, já conhecida. Todo muda ou tudo é olhado de novo, com outra lente, sendo uma luz nova.
Que coisa é, essa pessoa tão nova, já conhecida como fossem anos e anos, mais de uma década, todo o tempo inteirinho, vivendo a vida juntos. Que coisa é, que beleza de vida. Ainda sinto tanto, se mereço tanta graça.
Se duvido, corro atrás para ter certeza. Meu sargento, um homem, mais um de tão poucos, raridade agora sendo que preenche meu desejo de mulher.
O embalo da rede, a canoa. Falo de amor. Eu te amo por toda lei. Tenho tudo, meu amor querido.



Denise França.

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