ALTO DE NATAL


O apreço e a estima. Eu percebo: o homem solitário, a fera acuada, tudo vem de imaginar as sobras do horizonte. Essa linha riscada, arriscada vem procurar pelo homo sapiens e demandar o futuro, onde ele esta e onde ele quer ir.
A diferença de um homem para todos os demais, GOVERNADOR REQUIAO, e de perceber a justeza, a inteireza das idéias, a conduta... No meio do caminho havia uma pedra, o sortilégio aguça ainda mais o sentido e o aprimora. Correto dizer, o amor não coloca divisas, nem limites, e rompe com a subordinação, com a força insana.
100 anos de Oscar Niemeyer, pra quem viveu toda a eternidade de um tempo, produzindo, descobrindo e redescobrindo a forma. Meu DEUS, Oscar Niemeyer, por que não te conheci antes, querido?! Enfim, o apreço e a estima... Não são os pobres homens, mas o impropério do humano, aquilo que não ousa ser dito e torna-se, para algumas elites minoritárias, miserável. E mesmo miserável a pasta natalina de fim de Ano para esses sujeitos. As duas mulheres varrem as ruas, e eu passo, eu passo. Em qualquer andor, eu passo. A freqüência com que isso acontece.
Me animo e digo: são os pobres que passam por mim. Alias, se vocês não sabem, a pobreza me atravessa. Habita todas as regiões de meu ser, é mesmo o meu corpo e o meu sangue. Eu grito, esse parto é regular, e real. Roubam minha vida antes de eu nascer, tiram os meus direitos de existir, mas eu não sou triste.
Eu não sei ser triste, meu bem. Você sabe meu amor, eu não sei ser triste. A casa fica vazia, meu Natal é este pão e este vinho, olho ao lado, meu amigo. Meu amigo acende a luz, vigia a fogueira, meu amigo Requião. A estranha coincidência de um encontro, a palavra que funda a verdade. Eu garanto uma oportunidade, respondo por tua causa.
Por tua causa, freqüento a Escola de Governo, eu olho todos os cantos dali, há homens e mulheres e crianças que freqüentam esta escola. Eu digo, a primeira ESCOLA DE GOVERNO fundada, e isto é serio, seu fundador, Roberto Requião de Mello e Silva. Aqui esta a placa, há trezentos anos atrás, foi este homem que fundou a primeira Escola de Governo no BRASIL. Naquela época ele falava aqui, enquanto os outros despejavam ali ao lado, na Assembléia Legislativa do Paraná. Tenha pena deles, eles não sabem o que fazem...
Por tua causa, eu ainda ouço, me lembro dos anúncios, das guerras que me abriram o peito, quase me acabei de chorar, e estas lagrimas alguns diziam que não tinha sentido.
Visitaram o Brasil algumas vezes, algumas vezes o Brasil foi visitado por príncipes de outros paises, ate por estranhos estrangeiros americanos e muçulmanos. No fundo desta grota brasileira vive um oriente, onde se caminha escaldado a sol, no delírio breve de um pais, quase oásis. Quando se cantou o Brasil ali fora, alguns riam, não entendiam por que. A estrela acesa desta bandeira, o Cruzeiro do Sul, o povo brasileiro e os olhos do Lula, os olhos deste menino, se vocês soubessem, o coração deste menino... Vocês sabem muito pouco sobre os grandes homens, porque a inveja cobre como catarata esta passagem de luz.
Os meninos brasileiros, iluminados, fazem do Brasil um mundo e disso vocês nada querem saber, ate a polpa da carteira lhes indicar todo o trafego de ilusão onde volvem o funcionamento desta maquina mortífera. Os roedores da paz movem os carretéis de miséria, porque vivem disso. Pobres ratos...
Não há nenhum poder fundado sobre a miséria. As rainhas e os reis, mesmo na Inglaterra, são tão vulgares e superficiais que não duram e nem ultrapassam sequer sua própria e decadente vida. No ouro vestido e no ouro guardado, nenhum brilho, ordinário brilho.
As meninas de rua e suas bonecas sem braço, sem perna, tecem bem melhor a verdade. Seguram suas filhas no colo e pulam amarelinha, cantam, correm dos carros, se escondem e depois, descobrem os meninos... Os velhos de asilo, esta memória de naftalina e vergonha do passado, isto se acaba, as mãos se cobrem de rugas com o tempo, garras de ternura tocam o fim da vida, e este frio que envolve o corpo logo se dissipa, o espírito sempre esteve ao lado, nesta outra morada.
Perguntem ao Frei Bonifácio, sobre este momento derradeiro, solene, onde o morto se esconde. Esse frei, livros e livros lidos, palavras e palavras escutadas, confessadas aos pés do seu ouvido. Perguntem a ele, sobre esse derradeiro momento. Pelas barbas de Bonifácio, o capuchinho, onde os periquitos da Cristiane, abençoados por ele, resolveram fazer o seu ninho, perguntem por quem os sinos dobram...
Outro homem, me ocorre dizer, Frei Alvadi Pedro Marmentini, o grande escudeiro de Cristo Jesus, olhos verdes, olhos claros, olhos iluminados também, com que amor este homem segura esta criança nos braços e vela seu sono durante a noite. Com que alegria as crianças, todas as crianças, reconhecem no Frei Alvadi a figura de Jesus. Conselheiro profundo e amigo de muitas almas incertas e perdidas, abriu ainda mais esta porta e renovou a Igreja. Depois dele, a Igreja jamais será a mesma. “Nem parece um padre...”. Foi isso que escutei das bocas de quem já esteve com ele em conversa.
A sabedoria do barro, da chuva e dos pés descalços neste terreno fértil. A vida não para.
A arte de viver. Grandes atores, Paulo Autran, autores, a vida produzida e reproduzida novamente. O entusiasmo, a manifestação de alegria que transcende o efêmero e arbitrário. Meu amor, é possível e necessário escrever uma historia, lembrar e relembrar, se antecipar, cumprir esta evocação humana e sentir de que modo ou maneira as coisas estão seguras em um lugar e depois volvem para outro lugar numa razão inequívoca de direção e finalidade. EU TE AMO, nestas tuas mãos eu te amo e me entrego, na tua honra eu me orgulho, no teu trabalho eu me firmo, na tua alma eu me encontro, no teu beijo sou tua, toda tua, somente tua, no teu desejo me faço mulher, toco e provoco o homem porque não há homem sem o corpo do feminino. Nossa historia, nosso tempo aqui. A gente esta se amando...
Muitas eras passam. Bilhões, trilhões de anos aqui, e anos luz no universo afora. A matemática quântica e a religiosidade cósmica de Albert Einstein. Aonde esta a miséria humana?! A miséria humana compõe e se decompõe neste resíduo do poder, quando já se descobriu que não há poder e quando o homem tem a certeza de que não possui a sua vida. Os médicos, e toda a tecnologia cientifica, não descobriram ainda a vida, o motor da vida, e não possuem portanto, a vida humana.


A vida é um dom. Porque a vida é um dom de amor, esse é todo o mistério.

Denise França.

Comentários

Postagens mais visitadas