MUDAR É POSSÍVEL - DENISE FRANÇA

Curitiba, 31 de julho de 2012.

MUDAR É POSSÍVEL?!OBSERVAÇÃO ACERCA DA EXPLANAÇÃO DO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE...


Lembro da primeira vez que entrei no consultório do Doutor Velloso, psicanalista. Ele me cumprimentou com um aperto de mão. Disse: fale o que lhe vier a mente. E eu começei a falar: ".....é como se você sentisse....". E ele disse: "Fale na primeira pessoa, por favor.".
Quando ele me pediu para falar na primeira pessoa, percebi e começei a escutar o que dizia.
Todas as sessões com o Doutor Velloso, uma vez por semana, sempre me recebeu assim: "Vamos trabalhar, Denise.".
A princípio ele escutava muito e falava raramente. E a sensação de estar deitada no divã e falar, o silêncio principalmente, são desconfortáveis nos primeiros dias.
Percebemos o quão significativo é o silêncio, e começamos a perceber os "espaços" do silêncio. A diferença entre estes espaços, e a quem se dirige.
A elaboração dos processos mentais, como eles se organizam e se fazem. A nossa estrutura familiar, particular, a nossa função, o lugar que ocupamos e o lugar onde nos colocam, tudo isso passa a ser palpável, dinâmico e concreto numa análise.
A transferência também e outro fenômeno perfeitamente observável, localizável. O enfrentamento dos núcleos cristalizados, sintomas, tudo isso, que nós observamos em teoria, ali, na análise didática, pessoal, é perceptível e concreto.
Como eu sempre escrevi, repassei todos esses fenômenos no papel, transcrevi minha análise pessoal. Foi altamente criativa, e daí surgiram outras elaborações, alguns livros. Todo esse material foi lido pelo Doutor Velloso.
Entendo perfeitamente essa distância entre um sujeito que vive o seu dia a dia, e um sujeito que produz um significado e uma direção. Mesmo porquê, antes da psicanálise, esse sentido já estava bem delineado em minha vida.
Durante toda a análise, o Doutor Velloso fez algumas pontuações relevantes quanto a minha análise.
Que eu era uma pessoa honesta, séria e competente nas coisas que fazia.
Que eu tinha uma "ética" profissional e pessoal fora do comum.
Que eu tinha uma capacidade de sensibilização do outro bem delineada.
Capacidade e criatividade artística.
Manuseio dos conceitos e compreensão deles.
E no momento mais crítico, "crítico", de minha vida e análise, ele disse:
"SUICÍDIO CULTURAL E OU ASSASSINATO CULTURAL....". Em razão do risco de morte que eu estava sofrendo por parte de terceiros, justamente porque tinha me confrontado com a verdade...

E ESTAS PONTUAÇÕES, foram também as pontuações que fiz dele como psicanalista: seriedade, rigor conceitual, solidariedade, renúncia e caridade.
Estas palavras "RENÚNCIA" E "CARIDADE", FORAM PALAVRAS MANUSEADAS PELO DOUTOR VELLOSO. Conceitos elaborados a partir da leitura da OBRA FREUDIANA.  Como ele mesmo dizia: "Caridade Freudiana, disposição do doutor Freud em nos transmitir, seus conceitos e mais do que isso, todo o processo de sua elaboração conceitual....".

Em razão de tudo isso, ao fim de minha análise pessoal, o Doutor Velloso, me deu de presente um de seus "seminários" transcritos, falando sobre a obra de Freud, com uma dedicatória especial, pelo merecimento que eu mesmo gozara e me dedicara:

"DENISE, VOCÊ SE ULTRAPASSOU...".

Depois ele me convidou para ser integrante daquele grupo de psicanalistas. E, também, fazer as ilustrações de seus seminários, livros.
Como ele mesmo disse para mim em vários momentos:
"DENISE, NÓS NÃO PODEMOS PREVER, MENSURAR, O CURSO E A DIREÇÃO DO SUJEITO; por mais que nos sintamos bem alicerçados....".
E estas palavras serviram para entender, ou melhor, assimilar, tentar assimilar, as coisas que se passaram ali, no Colégio Freudiano de Curitiba, Associação Cultural Jacques Lacan, depois que resolvi aceitar o seu convite.

Hoje muitas coisas mudaram na  minha forma de catalizar a dinâmica terapêutica. E, a minha direção depois que saí do Colégio Freudiano, foi calcada em vários aspectos do relacionamento humano, como a seriedade, a empatia, a sensibilização, honestidade, e estilo.
Respeito os bons terapeutas, psis da vida. Mas acho e considero que precisam ir mais além do que isso, em suas próprias vidas, e experiências.
Mudar não é uma tarefa fácil. O Doutor Velloso também sabia disso, mas, repasso aqui, suas próprias palavras: "TEM SALVAÇÃO...".
A amplitude e significado das palavras sempre devem estar calcadas na vida do sujeito dentro e fora do consultório. OU, APESAR DELE.


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