A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (15) - DENISE FRANÇA

Curitiba, 12 de julho de 2012.

"ENSAIO DE LUZES" (FICÇÃO): TEXTO DEDICADO AO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE

INSPIRAÇÃO DÉCIMA QUINTA: VERDE ÁGUA

PARA AMAR É PRECISO AMAR. AMAR O PRINCÍPIO DO AMOR: A CURIOSIDADE. AMAR O FIM DO AMOR, A PARTIDA. Sobretudo, amar os equívocos do amor.

GIKOVATE me recebia, as vezes sem o aviso. E as vezes, eu o encontrava com aquelas olheiras, de noites idas, muito trabalho...
Nesses dias, eu o via adormecer, e gostava de olhar seu cansaço, seu sorriso dolorido, muitas vezes sua tristeza de uma compreensão solitária, não compartilhada.
Nosso amor as vezes se tornava brusco e imediato, como se não quiséssemos perder, ou como se entregássemos aquilo que supostamente jamais daríamos. No meio da noite, durante a madrugada, nos encontrávamos, e era isso que o nosso olhar primeiro dizia.
E era assim que acontecia, abruptamente ele me roubava de mim mesma, e eu o assaltava em seu cansaço, e  ele ultrapassava a resposta que o levava até minha vontade.
Acabávamos abraçados ao mergulho no desconhecido de cada um, e o nosso suor se misturava a esta procura sôfrega...
Tudo era agradável, saudável, gostoso.
Muitas vezes, ele ficava profundamente irritado, com alguns de seus pacientes que tentavam manipular o que anteriormente ele havia compartilhado. Assim também com alguns amigos. Irritado ele se mostrava, e eu sentia isso vivamente no seu dia a dia. Mas o tempo para assimilar e compreender, vinha a contento. Ele amainava, e dava mais uma medida aquela pessoa.
A honestidade e ombridade em seu caráter acarretavam alguns sentimentos desta natureza.
A sua irritação passava mediante outras circunstâncias, quando eu brincava com ele, e não me faltava jamais o senso de humor para isso.
E sobretudo porque ele era curioso na descoberta da pessoa humana.



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