A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (14) - DENISE FRANÇA

Curitiba, 02 de julho de 2012.

"ENSAIO DE LUZES" (FICÇÃO): TEXTO DEDICADO A FLÁVIO GIKOVATE

INSPIRAÇÃO DÉCIMA QUARTA:  PINK

A recíproca é verdadeira. Eu disse a minha amiga: se você está sentindo isso, tenha certeza que ele também.

Descobri além do encoberto, a revelação. Precisávamos revelar as fotografias. Passavam pelo processo da câmara escura, e uma série de coisas.
Este desabrochar do espírito do outro ocupando a tua casa, é a presença, o encontro.
O primeiro encontro entre um homem e uma mulher, quando se descobrem apaixonados... O primeiro beijo,  
o primeiro momento de intimidade. Porque chego tão próxima dele, Gikovate, porque me enterneço com seus brocados?
GIKOVATE me estendeu a mão, estávamos os dois andando no parque, inverno. Subimos até uma altura mais elevada, de onde conseguíamos olhar a cidade. Ele disse: Venha querida, tenho uma surpresa para você.
Eu não morava em São Paulo, morava em Curitiba. A vontade dele fazia com que eu me resignasse à metrópole, e o encontro assim, mediante estas dificuldades, se tornava muito mais intenso.
A tarde chegava, ele me abraçava com ternura, beijava minha testa, sorria, e me contava histórias... pequenas e mágicas histórias ao pé do ouvido. Havia me dado de presente neste dia, um delicado anel.
Fazia muito tempo que não me sentia tão bem ao lado de um homem. Muito tempo mesmo.
Gikovate gostava de andar pela cidade de taxi, ao meu lado. Costumávamos visitar exposições, livraria, e bibliotecas. Algumas bibliotecas particulares. Os parques, também. E alguns lugares que só ele mesmo conseguia encontrar na imensa São Paulo. Lugares mágicos.
Não só a prosperidade do nosso amor vinha desta entrega pessoal entre ambos, mas também, da beleza destes encontros e lugares. Não nos víamos com tanta frequência, nos víamos quando se tornava  urgente a presença de um e outro.
Por isso, a atração e o desejo em relação a ele eram fortes, presentes, consistentes.
Não precisava conter a minha alegria, porque ele amparava minhas palavras e meus sentimentos e agia da mesma forma, com honestidade e segurança. A maturidade dele me enternecia e me envolvia ainda mais.
Nós não programávamos o futuro, porque o nosso envolvimento acontecia a contento todas as vezes que nos encontramos. A presença, a nossa presença era autêntica, e efetiva.
Gikovate as vezes falava bastante, e as vezes ficava numa quietude mansa, olhando meus olhos e escutando minhas palavras. O jeito dele era assim... E o carinho dele era preciso, o toque dele era seguro, profundo.
Uma mulher sabe quando está sendo amada.
Depois de algum tempo juntos, o corpo reconhece o corpo da outra pessoa. O gosto do beijo, a sensação da pele, o cheiro, o jeito de amar. As veredas do prazer, e a necessidade do outro que se faz ao longe, é entendida, querida, produz saudade.



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