A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (13) - DENISE FRANÇA

Curitiba, 01 de julho de 2012.

"ENSAIO DE LUZES" (FICÇÃO): DEDICADO A FLÁVIO GIKOVATE

INSPIRAÇÃO DÉCIMA TERCEIRA:  AZUL MARINHO

 Havia acabado de trancar a porta por dentro. Quanto me voltei, bem atrás de mim,  Gikovate segurou meus cotovelos,  e me encostou na porta. Se aproximou ainda mais, de forma que o seu torax de encontro a mim, fazia com que eu sentisse a sua pressão. Não era carinho, era vontade de homem.

Deixei ele dar a direção, e me beijou a nuca, os alvéolos da orelha, suas mãos subiam e seguravam meus peitos, e eu ficava assim, inebriada, ele me queria ali. Segurei com as mãos suavemente os seus cabelos, e pedi mais. 

Beijei a sua boca, o nosso beijo era incrível. Demorado, pausado, apaixonado, molhado de signos: abruptamente ele parava e tornava a me olhar nos olhos para entender minha vontade, e tornava a me beijar ainda mais fundo.

Eu abria os botões da camisa dele, para sentir o cheiro do seu corpo, junto aos pelos do tórax, e o coração disparado. Me sentia cada vez mais molhada, e com vontade dele dentro de mim.

Ele reconhecia as minhas demandas femininas, tocava em mim sem medo, tornava aquela corrente de tesão maior e mais intensa.

E parava, olhava em meus olhos, esperando que eu o puxasse de encontro a mim, e assim sucessivamente a gente se descobria, nos bocados de cada parte do corpo.

Ele por cima de mim, e eu fechava os olhos, e sentia.

O que eu sentia?! Abria outro espaço em mim. Era ma-ra-vi-lho-so se entregar a ele. Perfeito. Depois de alguns momentos sentindo-o dentro de mim, o universo se expandia, e ia crescendo, e aquela sensação de que não é mais o corpo, mas a alma dele de encontro a minha. Eu sentia isso perfeitamente, o momento em que a alma dele se encontrava a minha. Era lindo demais....

A sensação contínua de prazer, de gozo, e de alegria. E eu deixava isso se estender por muito tempo, e ele sentia e compreendia isso sem precisar dizer.

Ma-ra-vi-lho-so.  Começávamos com a ânsia do desejo, o ímpeto do tesão, e esse ímpeto nos levava a ter o corpo do outro, e a mistura que se fazia desta penetração, acabava num contínuo de prazer, me desligando da primazia do meu corpo, para sentir o espirito dele, Flávio Gikovate, meu querido...

Eu não pensava em outro homem quando transava com ele. Não tinha essa vontade. Era o corpo dele, o desejo dele, a vontade dele, e o prazer que me causava.

O sexo com um homem como ele, chegava a esse ponto, espírito. O que é se entregar a alguém?! Nossa, muito mais do que a textura da pele, são todos os signos e sensações que se provam, um ao outro, e que se entende e se percebe se o outro está dando, está entregando, está soltando a sua seiva. Do contrário, parece um entrave a pele da outra pessoa, sem inscrição, sem qualidade, sem possibilidade.

O sexo com um homem como ele, era ultrapassar a barreira do corpo, porque ele tinha o espírito de homem, a masculinidade, a efetividade de sua presença naquele momento, dá pra sentir um homem quando busca o corpo da mulher, não uma mulher fragmentada, mas a mulher e o seu coração, pensamento, alinhamento. Direção.

Poucas pessoas nos dão o direito de sentir esse contínuo do aparecimento e presença do outro. Entrega. Os seus lábios finos que sorriam brandamente depois do gozo, e sua ternura que buscava o meu aconchego em seus braços, fechávamos os olhos, e ficávamos em silêncio entendendo que era mais uma vez, e no entanto era outra vez, outra vez, diferente. Recuperando o sentido, o significado, a dimensão sexual, homem e mulher, ali.




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