A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (11) - DENISE FRANÇA

Curitiba, 19 de junho de 2012.

"ENSAIO DE LUZES" (FICÇÃO):  TEXTO DEDICADO AO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE.

INSPIRAÇÃO DÉCIMA E UMA:  ROXO


Considere os making-off , COMO FICÇÃO.

A FELICIDADE NÃO É UM BEM QUE SE MEREÇA?!

Chove por aqui... aquela sensação do outono aos poucos se esvai, dando entrada ao inverno.  A sala está vazia, passeio entre as cadeiras, chão de tacos de madeira. Não há poeira, lembro de crianças correndo, e isso me traz muita alegria. Transmitir calor humano a alguém, aquece nossos corações.

Gikovate apoiava a mão no encosto da cadeira, enquanto olhava o ambiente, lembrava da palestra que administrara naquele lugar. Embora a sala já não fosse a mesma, guardava aqueles mesmos detalhes do passado. Os quadros permaneciam ali, muito bonitos, contavam a história do lugar. As cortinas de veludo  foram substituídas por outro estilo mais suave.

Relembrar passagens desta história, desta vida. Os pingos de chuva começaram vagarosamente e agora formam pequenas lagoas  nos declives da grama. A concretude da natureza se faz, a transformação é lenta e gradual. Fico pensando no esvaziamento da sensibilidade, cada quadro, os contornos das montanhas, por exemplo, a luz do sol impactando nas fissuras, nas rochas, revelando o extraordinário fenômeno ótico.

E esse mesmo fenômeno da transformação, a mesma alquimia se revela na natureza humana quanto a pessoa amada. Esse trabalho de transformação dos elementos se mostrava na escuta, na maneira de tocar, na maneira de olhar, naqueles infinitos momentos de aprrensão do perfil amado...  

O PERFIL AMADO.  O amado não é alienado no amor de quem ama, se amado for.

À saúde do equívoco, GIKOVATE resolvera visitar esta livraria, e lá estava Helena. Sentada a escrivaninha antiga, com uma variedade de livros ao redor.  Sempre belíssima Helena, sua imagem jamais se apagara de sua lembrança. "Não costumo anunciar a minha chegada, Helena...", disse ele. Ela virou-se repentinamente, ainda sentada, deu um suspiro longo e disse: "Mas eis que surge este homem, vamos lá, tenho aqui aquela  raridade pra você, doutor...".
De pé, com os braços cruzados no peito, olhou para um lado depois para o outro, estava eufórico e sentia-se vitorioso: "... então Helena, você conseguiu?!" .
Os dois sorriram e conversaram sobre este assunto, o que vale uma obra de arte... Uma autêntica obra de arte...










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