O ERÓTICO 3: TRANSGRESSÃO - DENISE FRANÇA

Curitiba, 10 de outubro de 2012.

COMENTÁRIO EM RELAÇÃO AO TEXTO DO DOUTOR GIKOVATE SOBRE A TRANSGRESSÃO...


A TRANSGRESSÃO na esfera afetiva... A transgressão nos eleva a uma condição mais genuína. Enquanto ficamos presos em identidades e preconceitos, não conseguimos assumir outras possibilidades e diferenças.
Quando nos submetemos a uma ordem, por exemplo, não podemos caracterizar a nossa autonomia de pensamento e de escolha.
Convivemos com as pessoas dentro de determinados comportamentos, padrões, normas, conceitos... Ao mesmo tempo que observamos esse mal-estar-social, o fastígio da rotina, sequer conseguimos modificar uma centelha em tudo o que fazemos todos os dias. Por que?! Por medo da novidade, porque acreditamos que o "controle" deve estar na mão de alguém, a quem chamamos autoridade. Seja a autoridade que nos instrui desde pequenos, nossos pais, seja a autoridade dentro do ambiente de trabalho, seja a autoridade que nos ensina, nos educa...
E quase sempre esta autoridade se dá em razão do medo que temos em perder o nosso "controle", porque desconhecemos grande parte deste ser que somos...
As regras de conduta seguem este funcionamento e padrão. Porém não abastecem a nossa vida com entusiasmo e não enriquecem a nossa criatividade.
Transgredir não é encher o caneco de bebida, tomar todas, e sair dirigindo até bater o carro e perder a vida. ISSO NÃO É TRANSGRESSÃO. Isso representa a impossibilidade do sujeito conseguir transgredir, é exatamente o contrário.
Quando o adolescente está em uma balada, é novato, e se sente inseguro, começa tentando se vincular a um grupo para se sentir mais seguro e posteriormente, repete a conduta dos demais... Se todos enchem a cara, ele também fará a mesma coisa... O que ele não consegue fazer, e que significa transgressão, é sentar-se com os amigos, e ao invés de beber uísque, tomar uma soda limonada....
Toda atitude genuína, e inovadora, criativa, passa por um processo de elaboração mental. Assimilar o processo atual, analisa-lo, robustece-lo com outras condições, caminhos, hipóteses... Fazer outra coisa.

O NOSSO CORPO, o prazer derivado das sensações vem do significado de que tudo aquilo que vivemos ao longo da vida. O nosso corpo é um tabuleiro, onde tudo é colocado. A ansiedade e a angústia nos mostram que existe algo ali travado, parado, encapsulado... O movimento do corpo sempre tem direção... Vai de encontro a algo ou alguém... E o móvel do prazer é a excitação.
Quando estamos juntos a alguém que gostamos, nos cercamos da pessoa, olhamos, gostamos, tocamos a pessoa com palavras, com o tom da nossa voz, carinhosamente, sensualmente, com ternura....  Esse estímulo chega até nossos ouvidos, e produz sensações gostosas no nosso corpo, o prazer.
Estendemos nossa mão e tocamos a outra pessoa. O corpo do outro.

Nesse momento, o momento em que tocamos o corpo da outra pessoa, entramos em contato com a particularidade e especificidade de tudo aquilo que envolve a outra pessoa. Esse gesto torna-se ao longo da vida, tão habitual e comum que não percebemos sua extensão, e a riqueza de impressões sensoriais provenientes deste gesto tão simples...
Deveríamos REAPRENDER a tocar o outro, e se deixar tocar pelo outro.
O terreno que cerca a outra pessoa, que não é o nosso, sempre será IMPRÓPRIO. IM-PRÓPRIO, tomado, roubado, apossado. Por que?!

Naquele espaço ali, o do outro, percebemos que nos acarreta uma série de sensações agradáveis, de prazer, etc e tal, e precisamos da autorização da outra pessoa para que isso aconteça outra vez, e mais uma vez e assim por diante, e mais a fundo.... Vamos mais a fundo naquilo que estamos sentindo ali, junto ao corpo da outra pessoa...

A outra pessoa permite que a toquemos, porque ela também sente a recíproca... Mas existe aí, entre o toque, e seu destino, outra coisa: o segredo, o tesouro, a revelação.  O apropriar-se disso para mim, ou seja, transgressão de um sentido, em direção a outro.

A TRANSGRESSÃO SEMPRE ABRE UMA NOVA CONDIÇÃO...

Os amantes não cessam de recuperar isso em outras TERRAS. Sempre para além....

E, TODOS NÓS SABEMOS DISSO: NO AUGE DA EXCITAÇÃO, ANTES DO GOZO, TEMOS UMA FANTASIA RECORRENTE DE POSSE DO OUTRO, POSSUÍMOS OU SOMOS POSSUÍDOS, VENCEMOS UM OBSTÁCULO DE PROIBIÇÃO, OU DE NEGAÇÃO, OU COISA SIMILAR...  PARA GOZAR, ESTA É A CONDIÇÃO.



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