A LIBERDADE - DENISE FRANÇA

Curitiba, 29 de outubro de 2012.


COMENTÁRIO SOBRE O TEXTO DO DOUTOR GIKOVATE: A LIBERDADE DERIVA DE UMA COERÊNCIA ENTRE CONDUTAS.


Muito me anima a leitura do seu texto... ROMPENDO O CICLO. 

Assim também eu constato a série infinita de lamentações, a série infinita de porquês, a série infinita de trabalhos para se chegar a  outra série infinita.... 

O domínio sobre o próprio corpo, o domínio sobre os outros, o domínio sobre o domínio, o controle inabalável de tudo, e de todos, a morte da natureza.

A natureza humana precisa ser respeitada. A tristeza, a angústia, a ansiedade, o medo, a calma, a tranquilidade, a alegria, o prazer, tudo isso são as vozes da natureza humana. 

Quanto mais nos colocamos no mundo, convivendo e existindo, mais declarado está o absurdo, tanto quanto o irracional, tanto quanto o perdão, tanto quanto a oferta, a procura, o vazio de tudo, o encontro com a morte, a cegueira, o pontapé, o carinho, o amparo, e assim por diante. 

HUMANO: O BICHO HOMEM. Inventaram a esperança, inventaram a felicidade, inventaram... Inventaram inclusive o artifício da dor. Produzem o pânico, se descabelam, produzem a dor, sem o corte, além do corpo, a dor psíquica.... 

As idéias que o ser-humano fecunda, produzem o artificial, a bala-de-banana, o açúcar e o sal. 
A farmácia de possibilidades e novas sensações são produzidas, como a droga por exemplo: porque já havia a drogadição... 

LACAN  FALAVA SOBRE O SUICÍDIO E A ESPERANÇA... 

Freud em "Luto e Melancolia" (FREUD, 1917) de que o suicídio seria uma autoagressão dirigida a um objeto libidinal introjectado, ou seja, um desejo de morte dirigido a outra pessoa que se volta contra o próprio sujeito na forma de autopunição. Em torno deste conceito essencial, a literatura psicanalítica vem, desde então, aprofundando o estudo deste tema. Uma nova contribuição de valor capital no entendimento do suicídio foi feita novamente por Freud em "Além do princípio de prazer" (FREUD, 1920), com o conceito de pulsão de morte e sua íntima relação com a compulsão à repetição em suas diversas expressões clínicas, entre elas o próprio suicídio.


Lacan definiu ainda a pulsão de morte freudiana como "vontade de destruição, de criação a partir do nada, vontade de recomeçar com novos custos" (LACAN, 1988, p.259), articulando num mesmo plano vida e morte, como duas faces de uma moeda. É pela linguagem que o sujeito potencialmente suicida pode encontrar alternativas ao seu ato final, para expressar o seu desamparo. Assim, "a Psicanálise... oferece exatamente a morte, porém, simbólica, para que o sujeito possa viver a vida" (RODRIGUES, 1993, p.11), dando-lhe a chance de escolher entre ato ou diz-ato.
A série infinita que o homem produz nos revela o seguinte: a vida não está em curso...

Nós existimos neste mundo, e não podemos negar este fato. Não podemos escolher vir a esta vida, estamos aí. Não escolhemos nascer nesta ou naquela família, no Brasil, no Japão no Tibet, no centro da floresta Amazônica, ou num mundo bem distante, obscuro, nascemos onde nascemos.

E esta é a realidade de cada ser-humano. Essa condição primeira, que  nos coloca situados em qualquer parte do mundo, deveria, por ser assim nos desmantelar da posição egocêntrica de que somo, sabemos e temos razão sobre tudo o que acontece no mundo.

Essa condição primeira já nos tira deste lugar de prepotência e de pretensão de saber, acerca de tudo aquilo que acontece longe dos nossos olhos.

Podemos fazer uma "idéia" da realidade alheia, podemos estudar a vida de outros povos e culturas, mais ainda assim, se não vivemos o que a outra pessoa vive, não conseguimos substanciar e orientar os nossos sentidos acerca daquela realidade.

Não conseguimos substanciar e orientar os nossos sentidos... Desde crianças, as coisas se dão desta forma, existimos e temos um corpo de sensações, emoções, sentimentos, pensamentos. Interiorizamos tudo aquilo que vêm de fora, de encontro a esse corpo. É claro, quando a realidade é muito cruel, muitas coisas acontecem com esse corpo de sensações, etc...  Muitos são "os destinos das pulsões" como deixa bem claro o doutor Freud.

Esse "destino" nos propicia um "formato", peculiaridade, que determina nossa personalidade. Mas, mesmo assim, nada está determinado, ou acabado. É preciso que consigamos algo mais além disso, "nos ver-vendo", sairmos deste per-curso, realizando um "corte" neste funcionamento, para dar possibilidade a outra coisa.

Transformar a realidade em que vivemos, sem negá-la, rechaçá-la. Ir de encontro a outras realidades, outros modos de existir, aproximar as diferenças, convergir.

Isso é possível, é o que pode ser feito.

Qualquer pessoa que tenha se destacado no horizonte da ciência, das artes, ou seja lá o que for, partiu de algum lugar, ou seja, se predispôs aquilo, teve vontade, passou por crises, enfim, foi em busca. Não é um ser especial, nascido de uma proveta especular, mas se determinou a procurar e ir em frente, em busca de.

Existem pessoas que se destacam na arte, o talento para isso ou aquilo. Mas nada impede que uma pessoa que a princípio não tenha talento para tal coisa, aprenda e desenvolva um modo de ver e captar a realidade que anteriormente não existia.

A angústia humana pode produzir muitas coisas..  A transformação de toda e qualquer força vital caracteriza o ser-humano, e está aí, somos ISSO.



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