A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (34) - DENISE FRANÇA

Curitiba, 13 de outubro de 2012.

ENSAIO DE LUZES (FICÇÃO):  TEXTO DEDICADO AO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE.

INSPIRAÇÃO 34ª:  ROSA 

Meu amor, GIKOVATE, abria as longas cortinas quando a noite chegava quente, cheia de luzes, estrelas, tudo... TUDO, apagava as luzes, ficava em silêncio, olhando tudo aquilo, enquanto custava-lhe o sono aparecer... Escutava as músicas que gostava, pegava as taças de vinho, abria-o, e me permitia escolher enquanto me beijava a boca... Enquanto estava junto a ele assim, não criava um cenário para uma história de amor, simplesmente tudo isso era um pacto maior que a nossa vontade.
O vento entrava suavemente pela janela, e ele me assaltava aos beijos enquanto me conduzia em seus braços e trocava passos de dança, no escuro vivíamos as sombras de tudo o que foi e tudo o que viria, iluminados pelas estrelas, luas, o brilho de seus olhos....

Nenhuma contrariedade nos admoestava... Esse caminho do amor brotava ao trocadilho de uma graça e de uma paixão inconsolável... Ora nos beijávamos loucos e afins, ora numa suprema melancolia ou tristeza esquecida... Passavam por nós muitas histórias, leituras, pessoas e sonhos transfigurados... Nosso corpo assim entregue ao amor e prazer designava o nosso modo, éramos amantes desconhecidos, perdidos e encontrados nesse instante. Fazíamos acontecer o inexplorado, o abissal, o supremo, o secreto, a insustentável passagem de um a outro no momento do gozo.

GIKOVATE me amava como se já houvesse me perdido... Vivia em mim sua possibilidade e sua transitoriedade, e produzia a eternidade como um alquimista nas tramas da minha pele...





Meu amor, que me cause a saudade, ou a morte por sua importância, acreditar ou não-acreditar... Sorrindo no desterro da crença ou no abandono insípido do fim, chamar a tua presença e velar tua solidão em meu colo.
O amor, do amado ao amante interrogando esta expressão no sentido de sua descoberta, tudo e a todo significado seu ENCONTRO, ÚNICO, ABSOLUTO, profundamente incompreensível por sua natureza particular entre um ser e outro, entregues à reciprocidade das ondas, embate da tempestade, alma e aliança, palavra soerguida à instância de VOZ.

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