A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (30)- DENISE FRANÇA

Curitiba, 01 de setembro de 2012.

"ENSAIO DE LUZES" (FICÇÃO):  TEXTO DEDICADO AO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE.

INSPIRAÇÃO 30ª:  AMENDÔA.

Quando ele não mais estiver aqui ao meu lado.... Já imaginei esta ausência maior... a da morte. Não fiquei escandalizada com este pensamento, mas ocorreu querer sentir esta dor maior, como uma maneira de me precaver.
A primeira vez, me pareceu insuportável esta ideia porque me fizeram acreditar que me causaria muita dor e sofrimento perder alguém a quem se ama.

Eu o vi partir tantas vezes... Olhava-o e já não estava mais ali. Mas seus olhos eram tão doces e cheios de ternura ao me olhar, segurar o meu queixo e me dar um beijo, mantinha em segredo a sua dor, deixava-se ir.
Logo em seguida, eu me virava e caminhava para esta solidão imperturbável, olhava os espaços sem a presença dele. Sem o seu sorriso, e dormia sozinha, sem o calor do seu corpo junto ao meu.
Ensinaram que eu deveria sofrer muito por isso, a ausência do ser amado... sofrer como quem morre para a vida.
Mas eu não conseguia sofrer assim, e mesmo que tentasse a dor maior, não acreditava na materialidade da ausência do outro. O meu amor por GIKOVATE me proporcionava outros espaços, outros elementos...

Deitada na areia, quase ninguém na praia, o ruído do mar, o vento, e tudo parecia um imenso varal de lembranças, cada franja de onda me aproximava de uma lembrança. Eu me entregava a todas as sensações, porque queria viver a verdade deste amor. E vivia fidedignamente  a substância e o universo deste homem em minha vida. Em mim ele sempre se tornava vivo, inesquecível.

E quanto mais eu ia de encontro a minha solidão, minha existência, mais ainda me aproximava dele, era inevitável. Ele vivia em mim. Eu compreendia o amor...

O prazer que me proporcionava enquanto mulher,  da mesma forma se fazia sentir através da saudade. Sentia o corpo dele, o abraço dele, o seu beijo, e minha pele logo estava pronta para todas as sensações, o gozo que me produzia e despertava incessantemente. Meu espírito alcançava esta distância e qualquer outra distância sucedesse, eu estava ali, e ele dentro de mim.

INTERMITENTE.









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