O AMOR COMO MEIO, NÃO COMO FIM - DENISE FRANÇA

Curitiba, 27 de dezembro de 2012.

COMENTÁRIO AO TEXTO DO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE: O AMOR COMO MEIO, NÃO COMO FIM.

Eu vejo o AMOR da seguinte maneira.  O AMOR É CONCRETO, ATITUDES, ATOS, MANIFESTAÇÃO DE VIDA, CAPACIDADE DE EXPRESSÃO, RESPEITO À LIBERDADE DO OUTRO, RESPEITO À DIFERENÇA, CAPACIDADE DE PERCEPÇÃO DO MUNDO ALHEIO, ACEITAÇÃO, HUMILDADE.... O AMOR NÃO PRODUZ DEPENDÊNCIA ENTRE OS DOIS SUJEITOS, MAS OS IMPULSIONA PARA DIANTE....

FUNDAMENTALMENTE, PRESENÇA. 

O ENCONTRO ENTRE DUAS PESSOAS, PRECISA SER ENTENDIDO COMO PRESENÇA DE CADA UM, encontro esse que acarretará em conhecer o outro.... conhecer a vida do outro. A presença do outro em nossa vida, seja ele amigo, seja amante, seja quem for, nesse espaço único do AMOR, é mostrar aquilo que fazemos, o que pensamos, o que queremos, como lidamos com a vida.... Logo, qualquer tentativa de criar algo fora da realidade da nossa existência, como por exemplo, aparentar o que não se é, sendo pobre, aparentar uma falsa riqueza, ou sendo inseguro, aparentar uma segurança, já indica ou dá indícios de que a pessoa não está sendo leal com o seu companheiro....

É claro que quando conhecemos alguém a princípio, imaginamos muitas coisas, e muito do que imaginamos não tem a ver com a realidade da pessoa em questão, por isso mesmo, a necessidade de convivência, mas uma convivência dentro da realidade, e não criando castelos de aparência, e ilusão....

AS PALAVRINHAS LINDAS, BONITAS, ROMÂNTICAS, se quebram em razão de uma realidade que vai em desencontro com aquilo que a pessoa faz ou é....  

Um relacionamento tendo a aparência e o status com fonte, leva ambos os parceiros à um esforço cansativo e destrutivo no sentido de manutenção de uma coisa que não existe... Portanto, está sendo falso e hipócrita...

Imaginem uma mulher que convida o sujeito para visitar seu apartamento, e,  tratando-se de uma mulher bagunçada, sem nenhuma espécie de disciplina, coletar todas as coisas jogadas no chão, nos móveis, à espera da chegada de seu namorado.... Ora, senhores, ele entrará pela porta, olhará o ambiente e verificará que tudo está em seu lugar, logo, que aquela mulher possui disciplina, ordem, enfim... Neste caso, a mulher conseguiu passar uma imagem falsa a propósito de sua conduta habitual... E,  no decorrer da convivência, o casal passa ao outro idéias falsas que vão em desencontro aquilo que são realmente no dia a dia...

Não preciso dizer aonde isso vai parar.   Infelizmente, a grande maioria das pessoas age desta forma.... No início, é até compreensível, que tentemos passar uma imagem bonita... Mas, ao longo dos dias, estaremos sendo desonestos consigo mesmos e com o companheiro, se assim tentarmos convencer o outro....

O AMOR, vem em suplência da incapacidade do ser humano em ser perfeito, ou, chega mesmo na hora H, quando a pessoa  está tentando resolver conflitos pessoais, e a presença deste sentimento apaziguá em muito a vontade para solucioná-los. 

O AMOR NÃO DEVE OCUPAR O ESPAÇO DE SENTIMENTOS COMO INSEGURANÇA, MEDO, ANGÚSTIA, SOLIDÃO, ETC....  O AMOR É UM ELEMENTO DE TRANSFORMAÇÃO.... ISTO SIM....  PISAMOS NO CHÃO DESTA REALIDADE PARTICULAR E PESSOAL, E CONSTATAMOS QUE É POSSÍVEL MOVIMENTAR ALI OS SENTIMENTOS, DIFICULDADES, PROBLEMAS, E TENTAR CRIAR, PRODUZIR, ENTENDER, E TRANSFORMAR ESSES ELEMENTOS PARA ENCONTRAR POSSIBILIDADES NOVAS....

As pessoas possessivas, arrogantes e autoritárias, tem dificuldade em amar.... E, procuram submeter o parceiro, deprimindo a auto-estima do companheiro, sugestionando um companheiro inseguro, para outros caminhos distantes de propostas positivas, para assim, desta forma, continuar SUBMETENDO O OUTRO, a sua aparente autoridade....

Muitos dos casais, vivem esse tipo de relacionamento....

PARA AMAR, é preciso RENUNCIAR.... Não dá par ser ciumento, e respeitar o outro. Quem tem ciúmes  não respeita a privacidade do outro.... Ou o sujeito renuncia a este sentimento e procura transforma-lo, ou então, está mentindo para si mesmo e sendo desonesto com o companheiro.... 

O QUE PRIMA NO AMOR, é a realidade de cada um, no sentido de que se não conseguimos observar e perceber a realidade da outra pessoa, notavelmente estaremos rechaçando frações da vida da outra pessoas, e provocando uma fissura nesse espaço comum entre duas vidas...

Um pequeno exemplo: alguém decide adotar um cachorro.... No princípio, quando o animalzinho chega em casa, é aquela festa toda.... Mas no transcorrer dos dias, verificamos que em nosso espaço físico existe esta "pessoa", o cachorro.... E o cachorro se apresenta tal qual um cachorro.... Ele não é uma criança, não é um sujeito, é um cachorro, e tem necessidades de cachorro, e percebe a nossa realidade como um cachorro, e dará aquilo que pode dar a nós enquanto cachorro....

Este indivíduo, o cachorro, está fazendo parte do nosso espaço de vida particular... E por isso mesmo, começamos a perceber aquele espaço anteriormente vazio, com uma nova realidade que antes não conhecíamos.... Por isso, precisamos nos debruçar com carinho sobre esta nova realidade, a do cachorro, e verificar como as coisas acontecem, e procurar entender de que jeito elas acontecem, e o que a nossa PRESENÇA produz na vida deste cachorro.... SIMULTANEAMENTE....

IMAGINEM senhores, a presença de uma outra pessoa em nossa vida.... Dia após dia, as coisas acontecem...  E se não tivermos o mínimo de vontade, honestidade, sinceridade, esse espaço se transformará num "ring" onde um sujeito procura eliminar o outro..... PROCURA DESCONSTRUIR A IMAGEM DO OUTRO, EM RAZÃO DA PRÓPRIA INCAPACIDADE DE PERCEBER E ACEITAR UMA OUTRA REALIDADE EM SUA VIDA....



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