A COMPOSIÇÃO DO BEIJO (36) - DENISE FRANÇA

Curitiba, 18 de dezembro de 2012.

"ENSAIO DE LUZES" (FICÇÃO):   texto dedicado ao Doutor FLÁVIO GIKOVATE.

INSPIRAÇÃO 36ª: amor

FINAL FELIZ. Todo amor quando vive é feliz. Uma composição a quatro mãos, daquele encontro onde dois seres fundem o ouro de um ao outro, são capazes desta alquimia maior, deixando o corpo absorver sem medo as emoções e sensações do encontro e da presença. Somente a presença efetiva do ser produz o amor,  somente o amor quando vive, liberta este ser de qualquer temor.

Tranquilamente este manto se estende sobre a nudez do corpo, onde os amantes se encontram adormecidos, cansados e satisfeitos. Todo amor quando vive é feliz. Este corpo já é o decalque de uma unidade: a alma. 

O amor não vive de aparências, vela todos os dias e todas as noites seu próprio segredo. As águas dos amantes correm, modificam as camadas mais longínquas do globo terrestre, se transformam no amálgama profundo. Nada no amor é fugaz e vão, Os pensamentos elaborados, as emoções que causam prazer, o arrepio da pele, os cabelos ao vento, esta face não é mais antiga, ou distante, mas imemorável e por isso NOVA. 

Tão nova, boa e para a responsabilidade do sempre. 

Segura os meus seios com as tuas mãos, aflige o meu coração com a tua vontade, tenho a vontade sempre de sentir no meu mais longe a possibilidade do teu preenchimento. Deixa eu beijar mais uma vez tua pálpebra cansada de escritor, na leitura de tudo e de todos, profana e inesperadamente sagrada. 

Deixa eu sentir a tua boca, o teu hálito, teu gosto e a procura da tua língua absorvendo a última palavra, e a primeira também. A minha chave pertence a você e quando você abre esta porta, encontra o meu espaço livre de todos os preconceitos ou impedimentos. 

Somente a tua carícia e ternura chegam a esse momento maior de entrega. Ninguém nunca disse tanto com os olhos como tudo aquilo que tenho escutado no brilho de sua chegada, e na lividez da tua partida.

Inequívocas, as ondas de nós dois não param de passear sobre os lençóis, formando dunas e oásis infinitos... E em cada escansão, abrem-se novos ritmos e poderes como se ali se movimentassem arquétipos e dependesse de nosso amor o resto do mundo...

 

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