OS FILHOS DO PARAÍSO

COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ.
CURSO DE PRODUÇÃO EM ÁUDIO E VÍDEO.
MATÉRIA: ANÁLISE DO DISCURSO FÍLMICO.
PROFESSOR: ANDRÉ DA VEIGA BARROSO
ALUNA: DENISE FRANÇA Nº 13 Turma: 1ª série / Noite

FILME: “OS FILHOS DO PARAÍSO”
FICHA TÉCNICA:
TÍTULO ORIGINAL: (Bacheha – Ye aseman)
LANÇAMENTO: 1997
DIREÇÃO: Majid Majidi
ATORES: Mohammad Amir Naji, Amir Farrokh Hashemian, Bahare Seddiqi, Nafise Jafar- Mohammadi, Fereshe Saraibandi.
DURAÇÃO: 88 minutos.
GÊNERO: Drama
STATUS: Arquivado

O filme começa com um close-up, nas mãos de um homem cozendo um sapato cor-de-rosa de uma criança. Depois a lente se abre, e vemos o menino que estava esperando pelo sapato, Ali, de 9 anos. Coloca o sapato num saco e vai até uma venda para comprar batatas. Deixa o saco entre caixas, enquanto procura pelas batatas no chão...
Nesse ínterim, um velho cego, camelo ambulante, chega e pergunta alguma coisa ao vendedor e este o autoriza a pegas algumas coisas ali. Como o velho é cego, leva por engano o saco de Ali, com os sapatos de suas irmã, Zahra.
Ali, que acabara de catar as batatas, vai procurar o saco e não o encontra. Desesperado, derruba as caixas de verdura, e o vendedor o manda embora, ele sai correndo...
A temática central do filme é o resgate deste par de sapatos de sua irmã. Simbolicamente colocado no filme, representando muitos aspectos da realidade desta criança e mais extensivamente, o povo muçulmano. O pequeno Ali e sua irmã, fazem uma promessa de não contar ao pai o acontecido, por medo. Enquanto isso, usam o mesmo par de tênis, durante a manhã é sua irmã e depois se encontram nas ruelas de Teerã, então Ali veste os sapatos e vai a aula, chegando quase sempre esbaforido e atrasado...
O povo oriental caracteriza o pé descalço em sinal de respeito ao lugar onde estão. Em casa, deixam os sapatos na soleira da porta e ficam descalços... E, nas mesquitas, da mesma forma, deixam os sapatos na porta, e entram para fazer suas orações...
Ali é apenas uma criança, mas a perda dos sapatos da irmã, e a tentativa de resolver este problema, para ele alcança dimensões bem maiores do que a aparente. Ser justo, honesto, honrar a palavra dada, não mentir ao pai. E, se comprometer com a verdade, sinal de hombridade que o faz ir as últimas consequências no resgate dos sapatos...
O universo da criança é representado no filme de maneira particular e sensível, não existe realidade ou maldade, senão um sentido lúdico, solucionar um problema através da percepção do mundo ao redor, sem conceitos ou pré-conceitos. Os meninos brincam entre si, andam de mãos dadas, beijam a face do amigo, sem que isto tenha uma outra conotação, é apenas um hábito da cultura oriental, do islamismo.
O menino Ali, embora pobre, é uma criança inteligente, sensível, e muito criativo. E, consegue solucionar este problema... ou pelo menos, este problema é a solução de muitos outros problemas. A sua questão consiste na própria resolução. Ao final do filme, já não suportando mais essa situação dos sapatos da irmã, ele se inscreve numa corrida para tirar o 3º lugar, pois quem ganhar este lugar, receberá um par de tênis...
Ao chegar na corrida, existem muitos meninos, meninos ricos, de outras escolas, aparentemente melhor preparados.... Ali larga e vai correndo, da mesma forma como fazia depois que vestia o tênis surrado para chegar até a escola, e lembrando de tudo que acontecera em razão disso... Foi derrubado na corrida, quando à posição terceira. Mas levanta-se, e continua correndo, e passa um, passa outro, e, ao final, absorto nessa tentativa, chega ao primeiro lugar....
... a câmera focaliza seus olhinhos para a foto da vitória, e ele está chorando... Chorando porque não foi o terceiro lugar, e logo, não ganhará o par de tênis.... e o filme termina com Ali chegando em casa, olhando para sua irmã e dizendo que tirou o primeiro lugar. E depois retira o tênis gasto, seus pés estão repletos de bolhas e os descansa dentro da água. A última cena, são os pezinhos de Ali na água e ao redor peixinhos nadando.... em close.
Tudo no filme é um encanto, e um registro da vida do povo oriental, a diferença de classes, a miséria. De outra maneira, apesar da miséria, a confiança, o respeito aos pais, o compromisso diário com as regras de conduta, e a verdade.... as ruelas, onde o povo habita, fotografias lindas desse lugarejo. Mas, a história principal, e a riqueza, é o mundo particular de Ali e de sua irmã Zahra. Um mundo lindo, um Paraíso...

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