DAVID LYNCH

COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ.
CURSO DE PRODUÇÃO EM ÁUDIO E VÍDEO.
MATÉRIA: ANÁLISE DO DISCURSO FILMÍCO.
PROFESSOR: ANDRÉ DA VEIGA BARROSO.
ALUNA: DENISE FRANÇA Nº 13 – 1ª Série/Noite

FILME: “ERASERHEAD” (1977)

DIRETOR: David Lynch

Primeiro longa-metragem de David Lynch. Estava na Faculdade de Belas Artes quando realizou o filme, mas só pôde termina-lo mais tarde. David Lynch partiu de sua própria vida para a idéia central do filme, a paternidade e o bebe. Sua namorada engravidou inesperadamente, sem que ambos quisessem um filho. E além disso, sua namorada teve uma criança com os pés deformados.
Lynch levou cinco anos para conseguir realizar o filme, auxiliado por uma bolsa do American Film Institute em Los Angeles.
Os filmes de Lynch são surreais. São bastante concentrados e densos.
Eu percebi inúmeras coisas neste filme de David Link. O universo onírico, os signos que são constantemente expostos nas imagens, a desestruturação de uma imagem perfeita, a fragmentação de uma direção linear para o filme... um compromisso com uma realidade imaginária, não irreal, mas imaginária... São torrentes, ele não pára de nos colocar diante de um mundo que mostra sua face de insensatez.
E isso é verdade. Somos constantemente bombardeados por imagens assim... Mas a nossa percepção consciente não nos deixa vê-las sem buscar um sentido, sem dar um significado a elas. Um significado aceitável. Os nossos pensamentos se dividem em pensamentos latentes e manifestos. Os pensamentos manifestos não caracterizam uma verdade, apenas uma boa-forma, uma resolução necessária. Os pensamentos latentes são aqueles que aparecem desta forma como a realidade aparece nos filmes de David Link. São truncados, assustadores, angustiantes, porque estão longe de uma elaboração secundária.
Neste filme de Lynch, a figura do bebê, é nada mais do que um retrato. Assim como nós nos deparamos com o insensato de nós mesmos, o outro, o outro-eu, não o ideal-do-eu, mas o estranho. A imagem de um filho só pode ser respondida em relação a um significante paterno. Se esse significante paterno, metáfora paterna, não estiver presente, com certeza este ser se tornará um estranho, uma coisa desconexa. Algo inadequado ou inapropriado.
Percebo neste filme de Lynch uma série de “demandas”, o significado não se faz presente, nem o sentido, mas as demandas do sujeito estão ali, e por isso mesmo ele se torna pesado, concentrado, denso...
David Lynch produziu o filme em preto e branco em razão da falta de dinheiro..., mas eu acredito por ser em preto e branco, caracterizou melhor ainda o seu trabalho.
A esquize do olhar, presente na obra de David Lynch. O espelho, o anteparo, a presença deste eu, desta imagem do eu, em outro lugar, em outro espaço, por isso essa distorção, causando esse impacto aquele que está acostumado a filmes “bonitinhos”. Caracteriza um imaginário bem à flor da pele, bem ao modo da esquizofrênia, ou a persecutoriedade da paranoia. Mas, isso não quer dizer, um filme “anormal”, porque a nossa realidade está repleta desta esquize, nós é que rechaçamos esta esquize, por nos parecer estranha, estranha aos nossos olhos... O que é uma grande mentira. Nós somos fragmentados por natureza, o nosso ego não caracteriza uma unidade, mas apenas uma identificação imaginária...
Gostei do filme de David Lynch. A figura do protagonista do filme, seus cabelos, mostram a imagem de David Lynch. Acredito que tudo ali está de acordo com a sua proposta enquanto produtor. O cenário, os personagens, a forma e o modo de colocação. Seria interessante se outros produtores caracterizassem essa mesma ousadia. Não o fazem hoje em dia, não por falta de dinheiro para a produção, mas por medo do conceito que iram ter dentro desta Arte, o Cinema.

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