POR QUE SOMOS CURIOSOS - DENISE FRANÇA

Curitiba, 08 de fevereiro de 2013.

COMENTÁRIO AO VÍDEO DO DOUTOR FLÁVIO GIKOVATE: POR QUE SOMOS CURIOSOS?

Caríssimo Doutor Gikovate, hahahaha, é sempre um prazer escuta-lo no youtube, ou na CBN... assim como ler os seus textos....

Estava pensando sobre as suas palavras, e me veio a figura de EINSTEIN, e aquilo que ele dizia sobre a curiosidade científica....  O Universo em expansão. Sim, o universo sempre em expansão.... Se pensarmos a esse respeito, a primeira coisa que nos vem, é a fusão dos elementos, e disso a criação de outros campos... Pelo menos foi o que me ocorreu....

A criança, sem dúvida, e disso eu posso falar melhor do que muitas pessoas, estive em contato com crianças a minha vida toda..., as crianças não param de descobrir e recriar.... com qualquer coisa, podem ser pedrinhas e tampinhas, tampinhas coloridas.... Aliás, as minhas tampinhas coloridas existem até hoje.... hahaha.  Elas passam momentos fecundos contemplando tudo ao seu redor, movimentando, adicionando, procurando, recriando....

O que eu sempre percebi, com tristeza, o movimento das mães ao redor dessas crianças, um movimento sempre de retensão, de parada, de recusa, de suspensão, de direcionamento para algo que elas decidem e não as crianças.... O movimento das mães tem esse caráter de tornar a elas, ou seja, para dentro, não para fora. Elas procuram intensificar essa dependência inicial, para reabastecer seu próprio ego maternal. Existem mães obsessivas que chegam ao ponto de isolar os filhos de todo o resto....    Não estou falando do cuidado, O CUIDADO NECESSÁRIO COM ESSE FILHOTE DE HOMEM INDEFESO...,  mas da própria maternidade, a obsessividade em segurar a criança, e manipular todos os critérios de espaço e vida da criança em razão do seu próprio, ou o que é pior, para elas, as mães, terem o menor trabalho possível com seus filhos....

Puxa vida, mas que "sacanagem" com as mãezinhas....  Infelizmente, a maior parte faz isso.

Esses dias eu estava pensando que o ser-humano tornou-se autômato: não desenvolve, segue sua conduta em razão dos cumprimentos legais, por medo da autoridade e não pela sua capacidade de diferenciar o certo do errado, a necessidade de dinheiro, o emprego imediato em razão desta necessidade, a ganância empresarial, e uma série de outros fatores. O tempo da pessoa para si próprio é reduzido,  o sujeito funciona para o trabalho, na maioria das vezes não gosto realmente do que faz, o faz por necessidade, executa suas funções sem pensar, não pode exercer a sua análise crítica dos elementos que compõe a sua realidade familiar ou profissional, e isso ao longo dos anos o torna simplesmente afásico e apático á possibilidade de transformação.... 

À  CRIATIVIDADE É IMPRESCINDÍVEL A TRANSFORMAÇÃO....

Nos finais de semana, este homem, autômato, se apavora com o tempo "livre", um dia ou dois, e não sabe o que fazer, a sua capacidade de criar, produzir, inventar e reinventar a realidade está praticamente nula, ele deita-se no sofá, dorme, sucumbe. Ou então, se embriaga ou se entope de alimentos de toda a natureza, CONSUMISMO EXACERBADO, introjeção na tentativa de produzir alguma coisa eficaz para o vazio interior....

E assim sucessivamente, desde a adolescência até a maturidade, e daí em diante. O ser-humano perdeu a sua capacidade de criar, de escolher, de determinar, de pensar por conta própria.  

E entra em pânico quando se vê sozinho em algum lugar, isolado, ou sozinho por uma razão casual....  

E é interessante pensar neste PAVOR de se ver sozinho, de se encontrar sozinho, de caminhar sozinho, porque  eu imagino que esse homem ao acordar e olhar-se no espelho, não há esse reconhecimento de si próprio. E isso realmente é GRAVE E RELEVANTE em nossos dias...

Este homem não consegue mais se INTEGRAR a sua própria imagem....  E, quando ele se depara com esta imagem, em sua solidão arbitrária ou casual, encontra ali alguma coisa que desconhece, e pela qual tenta fugir, ou se manter distante. E por isso procura todas as formas de fuga DISSO, em grupos de amizade pouco recomendados, ou usando a tecnologia para contatar com pessoas numa sempre realidade superficial, vazia, sem compromisso real, sensível....

Muitas pessoas dizem pra mim: "Nossa, Denise, não sei como você consegue....". Essas  pessoas se referem ao fato de eu viver sozinha, e andar sozinha, e habitar outros espaços diferentes da minha realidade pessoal, sozinha.... E eu sempre brinco e respondo a elas: "Porque a minha companhia é muito agradável....".

Eu realmente já senti esse pânico da solidão, quando era jovem.... Porque toda e qualquer pessoa é criada desta maneira, acreditar e viver em família, ou em grupos, etc e tal.... Mas eu passei por  uma separação, por uma situação limite na minha vida, e fui até o fim deste questionamento sobre o medo da solidão, e sobre os vínculos que a sociedade nos impõe, socialmente falando, casamento, e uma série de outras coisas.... Fui até o fim da linha mesmo, em todos os sentidos da palavra, e encontrei outra coisa: ULTRAPASSAR É POSSÍVEL....

Meus queridos, eu posso dizer: FIM DA LINHA.  E aí eu ACEITEI, e disse para mim mesma: agora quero ver, o que é viver sem ninguém, e ficar sem dinheiro.... O meu propósito de conhecimento e vida partiu deste ponto. Eu já não estava mais inserida numa família, não estava mais inserida num relacionamento afetivo, não estava mais inserida num ambiente profissional, e realmente fiquei com a irrisão deste ser... EU COMIGO MESMA, e daí????

E fui de ENCONTRO À VIDA.... fui de encontro às pessoas, não mais motivada por esse medo da solidão, medo de não sei mais o quê. Eu fui de encontro às pessoas ao meu redor, com o sentimento da minha presença e da presença do outro....

Hoje, estar só, não significa falta de SUCESSO na vida. Ou de eu me sentir uma pessoa não querida.... Longe disso. Estar sem dinheiro, não significa que a minha vida seja POBRE... Eu não sou pobre, eu tenho a dar as outras pessoas, a nível de sentimento, vida, sensibilidade....  Não tenho necessidade de prender as pessoas ao meu redor em razão da possibilidade de me encontrar sozinha....

Eu aceitei a minha condição humana, e não me deixo  enganar por falsos propósitos, e  elementos de manipulação humana. 

E, a aceitação e a RENÚNCIA, principalmente esta última, me colocam numa outra condição, de ser CRIATIVA... Porque eu vivo com poucas coisas materiais, e isso me faz também ser criativa no pouco que eu tenho, me torna uma pessoa hábil, porque eu tenho que criar os  meus meios... determinar os meus caminhos, realimentar a minha VONTADE E DISPOSIÇÃO TODOS OS DIAS, assim como a disciplina e determinação para alcançar e realizar um trabalho a contento....


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