O ESPAÇO VAGO DAS VAIDADES - DENISE FRANÇA

Curitiba, 21 de abril de 2012.

O ESPAÇO VAGO DAS VAIDADES

DEDICADO A FLÁVIO GIKOVATE.

Sábado, 22:52 hs.

 Em algum lugar, a estreita porta passa ao redor de mim, porque o mundo gira, as rosas se tornaram além do plástico, se tornaram absolutamente incompreensíveis...
O reflexo no espelho, saibam, não é o mesmo, sequer é idêntico a essa hora. Outro corpo habita esta pele, pode ser a resposta do olhar que me vê, transborda o que faço, e está também alhures lá onde o significado medita seu estojo.
Mudo a roupa, visto aquela outra, e assim recebo o visto nesta porta onde todos passam incólumes, magníficos, ensoberbados, engessados.
Estendo minha mão, e ela não chega a me cumprimentar, sequer chega ao comprimento de ser a possibilidade de algo. Sentada, sentar. Dormindo, sonhar...
O sorriso, onde está?! Maquiavélica sombra, resíduo, artifício que passa pelo olhar, sem ser beleza, mas probidade de corrupção do ser.
Sapatos, cruzes, sandálias, saltos, um quebranto foi dado bem cedo ao andar, e ele se tornou a estática coluna, pivô do amortecimento do amor...

VAIDADE, VAI IDADE, IDA DE, DÍADE, uma molécula, fécula da palavra e do concreto verniz, não é um quadro onde se desenha a uva, nem o cacho de uvas suportaria tal coisa, e nem o vinho suportaria as bases sólidas do invólucro ácido desta vinagre do tempo sobre o tecido da carne...



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