O RARO PRAZER - DENISE FRANÇA

CURITIBA, 10 DE NOVEMBRO DE 2013.

O prazer, quando tocamos neste assunto, imaginamos uma longa lista de suposições em torno daquilo que nos oferece prazer. Neste mundo, pensamos a sensação do prazer a algo recebido, algo concreto vindo do exterior.
Os órgãos dos sentidos: o olhar, o olfacto, a audição, o paladar, enfim.... As sensações, os sensores e as informações que nos chegam. Recebemos o mundo externo 24hs por dia em contingentes maciços de informação. Assimilamos bem pouco do que recebemos. E clonamos informações de terceiros, sem análise ou crítica a respeito, sem observação, sem assimilação e de-codificação disto tudo.
Na maioria das vezes, o prazer é  imediato, como o sabor de uma torta, a posse de um objecto do desejo. Logo em seguida, nosso aparelho sensorial passa a procurar outra coisa.

Outros prazeres, mais elaborados, podem ser os do espírito: ler um livro, e ter a satisfação de imaginar as situações, os acontecimentos, vivenciar mentalmente aquele universo. Conseguir desenvencilhar problemas de natureza científica, entender e manusear conceitos, nos dá imenso prazer.

Outros prazeres, a meditação, onde tocamos espaços dentro de nós mesmos, inimagináveis. Apreciar a música, escutar, sentir, entender o som, a melodia, a interpretação do artista.  Todos esses meandros da criação, da arte, nos trazem prazer...

Desde o mais superficial ao mais elaborado, quase todas as pessoas entendem e sabem o que é o prazer.

O desprazer é a sensação proveniente da frustração, da privação, da irritação. Por ausência do que provoca o prazer, ou por excesso deste elemento.

Nos submetemos a várias informações que contém duplo sentido, contrariedades, e que nos causam ansiedade ou repugnância, ou angustia. Porque o nosso aparelho sensor não consegue assimilar aquela informação, e nem nós nos posicionarmos quanto aquilo que sentimos.

Existem elementos de uma sutileza tal que, ao passarem despercebidos, nos colocam do outro lado, a entender o bom como estranho, e o ruim como bom. Infelizmente, hoje em dia, essas informações de dúbio sentido conseguem sabotar e passar por esse filtro interior. De forma imediata se organizam e se acumulam em nossas vidas.

Aos poucos passamos a aceitar inadvertidamente uma série de coisas que não nos fazem bem, como próprias, como pessoais.


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